sexta-feira, 7 de março de 2008

Sensações - Diogo Viana

Lentamente vai mordendo, provocando a imaginação de qualquer expectador que olhe mais atentamente.
Passa a língua insistentemente por aquilo que chama superfície e vai provocando sensações em si mesmo que já desconhece. Sente a maciês, os pelinhos suaves e finos cobrindo cada milímetro de sua extensão.
Vai provando daquilo que pra ele não tem nome, são como finos barbantes doces entrelaçados com um mel que se desprende e escorre por entre os lábios.
As percepções são ágeis, acontecem e se fazem reais blocos de concreto em milésimos de segundo minuciosamente aproveitados.
Sente como se o tempo parasse, como se cada molécula de cada ser e coisa deixasse de ter seus valores positivo e negativo, como se uma quase anti-matéria entrasse em contato com qualquer coisa que os rodeasse e tornasse tudo invalido.
Sobrevivem intactos, aquele que percebe e sua percepção de algo que não pode ver ainda, só se permite sentir e perceber.
O objeto de seu desejo vai se de lindo a medida em que sugado, conforme sua essência vai sendo deglutida, explode, trazendo matéria que refaz tudo a sua volta e faz com que tudo volte ao ponto de partida.

Diogo Viana